Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra, nasceu em Sacramento-MG, em 14 de março de 1914, filha de negros que migraram para a cidade no início das atividades pecuárias na região. Oriunda de família muito humilde, a autora estudou pouco, frequentando apenas o segundo ano do ensino fundamental. Apesar disso, Carolina se alfabetizou e utilizou a escrita como ferramenta para retratar sua dura realidade como moradora de favela em São Paulo.
Seu livro mais famoso, "Quarto de Despejo: Diário de uma Favela", publicado em 1960, causou grande impacto social. Escrito a partir de seus cadernos de anotações feitos enquanto catava papel pelas ruas, a obra narra o cotidiano de privações e lutas pela sobrevivência enfrentados por Carolina e seus filhos. O livro se tornou um best-seller e foi traduzido para diversos idiomas, dando voz a uma parcela marginalizada da sociedade brasileira.
A importância da escrita de Carolina Maria de Jesus pode ser analisada sob diversos aspectos: ela foi uma voz das favelas, expondo a dura realidade das favelas de São Paulo e conscientizando sobre as condições precárias de vida; representou a literatura afro-brasileira, sendo pioneira na publicação de obras que deram visibilidade à experiência e cultura da população negra; sua obra teve importância literária, marcada por um estilo único e uma força poética que transcendeu fronteiras; e teve um impacto social, empoderando mulheres e grupos marginalizados, inspirando novas gerações e convidando à reflexão sobre as desigualdades sociais. Em suma, a escrita de Carolina Maria de Jesus foi um marco na literatura brasileira, contribuindo para denunciar as desigualdades, dar voz aos marginalizados, enriquecer a literatura afro-brasileira, inovar na literatura e empoderar aqueles à margem da sociedade.