Chiquinha Gonzaga, um nome que transcende o feminino, foi uma compositora, pianista e maestrina que quebrou barreiras ao longo de sua vida, deixando um legado marcante para a música brasileira. Nascida Francisca Edwiges Neves Gonzaga em 1847, Chiquinha era uma mulher negra pianista e compositora talentosa, tornando-se a primeira mulher negra de destaque no choro, gênero musical instrumental carioca.
Mulher mestiça, termo usado na época, enfrentou todos os preconceitos da sociedade patriarcal e escravista para se firmar como pianista, compositora, regente e, por fim, líder de classe em defesa dos direitos autorais. Sua obra é estimada em trezentas composições, incluindo partituras para dezenas de peças teatrais. Precursora em várias frentes, Chiquinha foi a primeira mulher negra a compor para o teatro nacional.
Além de sua contribuição musical, Chiquinha foi uma figura engajada socialmente, participando ativamente do movimento abolicionista e utilizando suas composições para arrecadar fundos para a causa. Sua obra refletia as mudanças da época, e em 1899, compôs "Ó Abre Alas", considerada a primeira marchinha de carnaval com letra, eternizando seu nome na folia brasileira.
Desafiando as expectativas, Chiquinha tornou-se a primeira mulher negra no Brasil a reger uma orquestra, provando sua maestria musical. Além disso, fundou a primeira Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, uma organização de proteção aos direitos autorais, abrindo caminho para futuras gerações de artistas mulheres negras.
O legado de Chiquinha Gonzaga na música brasileira é inegável. Suas composições, que misturavam elementos europeus e africanos, contribuíram significativamente para moldar a identidade musical do país. Hoje, ela é lembrada como uma mulher negra musicista talentosa, uma ativista social e uma pioneira que abriu caminho para futuras gerações de artistas mulheres negras.